quinta-feira, 7 de abril de 2011

A busca constante por grifes de luxo em brechós

Ontem enquanto navegada pela internet, achei essa reportagem muito boa de um colunista da revista Elle.Achei que valeria a pena postar aqui por ser uma reportagem muito interessante.Espero que aproveitem.
"Durante minhas pesquisas sobre vintage, uma das questões que sempre me fascinou foi a busca constante das pessoas por grifes em brechós e a relação delas com esse tipo de consumo. Qual a motivação de quem percorre brechós e mais brechós atrás de uma bolsa Chanel original, um lenço Hermès? Uma Gabardine Burberry? Um vestido Pucci?
Bolsa Chanel, Trash Chic.
Bolsa Chanel, Trash Chic.

Nos brechós do mundo inteiro, principalmente os especializados em vintage, algumas das marcas mais procuradas são Chanel, Hermès, Missoni, Louis Vuitton, Dior, Yves Saint Laurent e Pucci, todas internacionais e consideradas de luxo. Nesse tipo de procura, há aspectos interessantes de se analisar. Um deles é a questão do valor histórico e cultural da peça, que muitas vezes está acima do valor material ou do status que ela pode proporcionar a quem a usa.

Usar uma roupa ou acessório de uma grife como Chanel ou Pucci, marcas européias famosas, que existem há muito anos, não confere só o status relacionado ao poder aquisitivo, mas também um poder simbólico relativo a conhecimento e cultura.

O valor que está agregado a esse tipo de peça é o fato de ela ser uma rara, como se fosse uma obra de arte, segundo o sociólogo francês Pierre Bourdieu: “O costureiro adota um processo semelhante ao do pintor, que transforma um objeto qualquer em obra de arte pelo fato de marcá-lo com sua assinatura”, explica.

Nesse sentido, esse garimpo nem sempre está associado à ostentação de uma etiqueta que possibilita um poder simbólico de riqueza ou distinção, mas sim ao resgate cultural e histórico por meio de peças do vestuário.
Vestido Diane Von Furstenberg, Trash Chic.
Vestido Diane Von Furstenberg, Trash Chic.

Um autêntico wrap dress vintage de Diane Von Furstenberg, se encontrado em um brechó, com certeza custa mais caro do que o que está exposto em suas lojas hoje, mesmo sendo usado, estando desbotado e com marcas do tempo. O valor real dele é o agregado, o do tempo, o da história que está embutida ali.

Durante as inúmeras entrevistas em anos de pesquisa de campo com consumidoras de brechós, percebi nos depoimentos que, garimpar grifes raras, em bom estado e com valor histórico em brechós é uma atitude condicionada a um fator de legitimidade.

Não é qualquer um que sabe garimpar, é um ofício que se aprende. Garimpar é diferente de ir a um brechó, entrar, olhar as araras, comprar algo e ir embora. Garimpar significa ir a muitos brechós, repetidas vezes inclusive aos mesmo endereços (não raro todos os dias durante anos) atrás de peças com estampas e modelagens únicas, legítimas de uma época que passou, e que traduzem muito mais do que sair de uma loja com uma sacola com roupas. É como encontrar uma pepita de ouro em uma mina."

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